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Não é de hoje que estúdios exploram uma fonte de sucesso até que ela se esgote, transformando o que uma vez foi um aclamado sucesso de público e crítica em algo descartável. Universidade Monstros, o prelúdio de Monstros S.A. (2001) que chega mais de dez anos depois de seu predecessor, foge completamente desses padrões e prova que é possível cavar mais fundo e ainda encontrar ouro na mina.
| O pequeno Mike | 
A trama mostra as origens da dupla que, em sua fase adulta, é a 
campeã em sustos da companhia de energia da cidade de Monstrópolis. O 
pequeno Mike Wazowski (voz de Billy Crystal na versão 
em inglês) é um sonhador e esforçado monstrinho que quer ser um grande 
assustador. Para isso, ele deve cursar uma das melhores faculdades no 
quesito sustos: a Universidade Monstros.
Assim como todos os outros filmes da Pixar, Universidade Monstros
 não é feito só para divertir, mas aprofunda-se em questões sociais e 
morais. Quando o estudioso Mike topa com popular Jimmy Sullivan (voz de John Goodman
 na versão em inglês), filho de um grande assustador que já chega ao 
campus com uma certa reputação, fica claro que, para a amizade começar a
 tomar forma, algo precisa mudar.
Por ser um curso extremamente concorrido, é muito difícil ser bem 
sucedido no programa de sustos. A severa diretora Hardscrabble (voz de Helen Mirren
 na versão em inglês) exige de seus alunos uma mistura de talento nato e
 conhecimento técnico, algo que nem Mike nem Sullivan têm por completo. 
Resta recorrer aos Jogos de Susto, competição anual que premia a 
fraternidade mais assustadora da Universidade Monstros.
Dentre inúmeras fraternidades, nenhuma das quais aceitará os 
renegados, eles encontram a Oosma Kappa (OK). Formada somente por 
deslocados e esquisitos que também foram reprovados no Programa de 
Sustos, a OK precisa de apenas mais dois integrantes para participar dos
 jogos. Está formado, então, o grupo que tem de tudo para perder a 
competição.
O selo de qualidade Pixar
Estabelecida a narrativa de superação, é possível prever que o filme
 mostrará apenas vitórias para a adorável OK e seus membros. No entanto,
 enquanto Mike e Sullivan não se entendem e colaboram um com o outro, 
explorando suas habilidades e expondo suas fraquezas para que essas 
sejam repostas por algum colega, nada funciona. Está aí a primeira lição
 de Universidade Monstros, que institui a importância do trabalho em equipe.
Em um momento no qual o avanço tecnológico parece ser mais importante
 que roteiro e construção de personagens, é acalentador sabe que ainda 
há uma certa preocupação com o enrendo. A Pixar mantém seu selo de 
qualidade, dá foco e estabelece uma gratificante meta final, que acerta 
no desenvolvimento da trama e da narrativa. Abordando temas como 
bullying, superação de obstáculos e o valor dos estudos sem ser cafona, o
 estúdio faz de Universidade Monstros um filme convidativo a 
adultos e crianças de todas as idades, que conseguem se indentificar com
 os personagens e formar paralelos com suas próprias vidas.
O maior acerto de Universidade Monstros, no entanto, é provar que existem inúmeros finais felizes ao longo de uma vida. Um prelúdio a Monstros S.A. não era esperado. Após os últimos momentos do filme de 2001,
 que deixa pendente um reencontro entre Sulley e Boo, seria óbvio 
mostrar uma possível amizade entre o monstro azul e a criança. Mas a 
Pixar foi sábia ao manter íntimo aquele momento único, nos mostrando que
 voltar ao passado e apreciar mais a história da amizade entre a bola 
verde e o grandalhão azul expande de forma inteligente o universo que 
conhecemos dez anos atrás.
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